Um artigo publicado no jornal acrítica, edição de hoje 31/07, Lupercino Nogueira, magistrado e professor, expõe de forma clara e objetiva a situação em que se encontra o trânsito nas cidades brasileiras. E aponta a Educação e a Civilidade como umas das soluções para os problemas atuais.
Trânsito e Congestionamentos (Lupercino Nogueira)
Enquanto não se resolver o relevante problema do transporte público nas cidades, que precisa de investimentos inadiáveis, o trânsito continuará estressante com engarrafamentos e mortes, principalmente de motociclistas.
Estudos da ONU apontam que a principal causa de mortes no mundo ocorre no trânsito. As cidades não se prepararam, inclusive Manaus, para esta nova realidade com números exagerados de carros e motos. Em Boa Vista e Rio Branco há mais motos que automóveis. A adoção de motos serviu de fuga ao congestionamento nas cidades pequenas.
Para complicar, carros velhos e em precárias condições circulam livremente por faltar regulamentação de inspeção veicular, prevista no CTB, a fim de que sejam criados programas de renovação de frota e de reciclagem da sucata. É certo que, com frota renovada, gastar-se-ia bem menos com acidentados. Parece, todavia, que o mais importante é arrecadar com o licenciamento, mesmo com carros sem freios ou pneus bons.
As motos foram estimuladas pelo baixo custo, financiamento facilitado, regulamentação eleitoreira do mototáxi e, sobretudo a precariedade do transporte público, em que muitos optaram pelo transporte individual, com permissão para circular entre as faixas de veículos, engarrafando as cidades. Daí a conseqüência de serem mortas diariamente no país 22 pessoas em acidentes com motos. Um dado preocupante é que um terço desses veículos apreendidos pela polícia carioca em 2008 foram usados em crimes: assaltos, roubos de carros, homícios e latrocínios, a tal ponto que chegou-se a querer proibir o transporte de caronas nas garupas de motocicletas.
No Brasil, são 35 mil mortos por ano nas estradas e cidades, excluindo-se o grande número de feridos e mutilados. As causas são facilmente detectadas: bebidas e drogas, imprudência e excesso de velocidade.
Fiscalização e punição podem ajudar a conter o morticínio, mas educação e civilidade de quem dirige e do pedestre serão bem mais eficientes para um problema que virou questão de saúde pública, pelas mortes, mutilações, gastos com hospitais e aposentadorias por invalidez.
As cidades precisam de bom sistema de transporte público e a partir daí seja a população estimulada a usar transporte coletivo e, de forma racional, outros veículos.
FONTE: JORNAL A CRÍTICA
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