sábado, 26 de janeiro de 2013

GÁS NATURAL AO DISTRITO INDUSTRIAL DE MANAUS


Texto extraído do Portal Flagrante:

Uma parceria entre a Prefeitura de Manaus e a Companhia de Gás do Amazonas (Cigás) vai ser firmada para garantir a distribuição de gás natural ao Distrito Industrial. Na manhã desta quinta-feira, 24, o vice-prefeito e secretário Municipal de Infraestrutura e Habitação (Seminfh), Hissa Abrahão, visitou a empresa e o seu diretor-presidente, Lino Chíxaro.

A parceria será detalhada em reuniões próximas entre engenheiros e técnicos da Prefeitura e da Cigás. Hissa Abrahão esteve acompanhado do superintendente de Obras da Seminfh, Claudio Guenka, do coordenador executivo do Programa de Desenvolvimento Urbano e Inclusão Socioambiental de Manaus (Prourbis), Claudemir José Andrade, e do engenheiro da Prourbis, Antônio Nelson de Oliveira Júnior.

Chíxaro informou ao secretário sobre as demandas da companhia e ressaltou que, em 2013, o principal objetivo da Cigás é atender às grandes indústrias do Polo Industrial de Manaus (PIM). No entanto, segundo o diretor-presidente da empresa, ainda há dificuldades na distribuição de gás natural devido ao impacto econômico.

Durante a visita, Hissa conheceu as instalações da empresa, conversou com funcionários e visualizou a organização da rede de malhas da concessionária, na sala do Centro de Controle de Operações da Cigás. No local, o secretário obteve informações referentes à distribuição de gás natural para toda a cidade, monitoramento das usinas e o controle de consumo do gás natural pelos clientes da empresa.

Hissa declarou que a Prefeitura de Manaus, por meio da Seminfh, está à disposição da Cigás. “O prefeito Arthur Neto tem interesse de que o gás natural chegue ao Distrito Industrial o quanto antes, isso beneficiará as indústrias, que sofrem muito com as quedas de energia”, destacou.


FONTE: PORTAL FLAGRANTE

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

ESPAÇOS E OBJETOS



Espaços e objetos
Por Roberto Ghione*

Na definição da arquitetura e da cidade, os conceitos de espaço e objeto marcam teorias e mecanismos de atuação que merecem ser considerados para compreender a razão de determinadas decisões que afetam a materialização dos edifícios e a configuração urbana. Eles são muito mais que problemas operativos, são pautas ideológicas que definem a consciência física e social do ato de projetar.

Nas cidades brasileiras em geral diferencia-se uma estrutura que podemos chamar "cidade de espaços" - aquelas derivadas da colonização portuguesa e da cidade liberal do Século XIX - de outra que chamaremos "cidade de objetos", desde a influência da modernidade até os nossos dias.

Nas primeiras, a configuração dos espaços urbanos que possibilitam a convivência social determina a própria produção da arquitetura e a relação hierarquizada entre monumentos estruturantes e tecido acompanhante. O conceito de tipo arquitetônico - esquema edilício consagrado culturalmente que, por repetição, define a estrutura da cidade - está na matriz desse tecido urbano organizado em função do espaço social.

Na cidade atual, esse conceito foi substituído pelo de objeto abstrato e isolado, independente de uma relação de pertencimento a determinado contexto físico ou social. O resultado é a paisagem urbana de "cidade de objetos" autônomos, sem relação de continuidade, agravado pelas características de exclusão e segregação social que promovem.

O conceito de espaço leva implícita a ideia de existencialidade na consolidação de um lugar: espaço qualificado mediante a apropriação das pessoas. Em termos de projeto de cidade, a ideia de espaço tende a ser de integração e congregação, enquanto que a de objeto é de segregação e dispersão. Enquanto o espaço promove uma realidade existencial, o objeto tende à abstração contemplativa. Enquanto o espaço tende a socializar, o objeto tende a elitizar. Enquanto o espaço materializa a cidade pela construção coletiva, o objeto é produto da inspiração individual e autoritária. 

Espaços e objetos compõem um contraponto instigante para a decisão das intervenções. Formulam as estratégias que decidem a cidade e a sociedade que queremos: cidade de espaços -ou melhor, de lugares- para o convívio cidadão, ou cidade de objetos excludentes e desintegrados; cidades que favorecem a convivência ou que estimulam a exclusão; cidades para serem vivenciadas ou para serem circuladas; edifícios que promovem o convívio ou que se fecham em estruturas defensivas; cidades abertas ou fechadas; inclusivas ou exclusivas.

Espaços e objetos são muito mais que formalizações urbanas e arquitetônicas: são estratégias de integração ou exclusão social, são decisões que afetam a cultura e a convivência entre as pessoas; são, em definitivo, a opção entre o modelo de cidade integrada e civilizada ou de cidade decadente e excludente.

Na realidade das cidades brasileiras, pensar espaços qualificados é pensar nas pessoas em convivência pacífica e civilizada. Pensar objetos é pensar nas pessoas segregadas e isoladas em um contexto defensivo que só estimula a violência.

A dicotomia exposta é uma generalidade baseada na experiência da construção da cidade contemporânea que tem, evidentemente, matizes que permitem detectar objetos carregados de existencialidade. Porém, a cultura arquitetônica e urbanística brasileira precisa refletir estes conceitos em função das cidades que queremos construir e dos comportamentos sociais que elas promovem.

(*) Roberto Ghione é arquiteto e diretor do IAB/PE

sábado, 12 de janeiro de 2013

"NIEMEYER SIM! BRASÍLIA BY CINGAPURA NÃO ! "




Texto retirado do portal Folha de São Paulo.

Com máscaras de Niemeyer e Lúcio Costa, arquitetos protestam contra novo plano de Brasília.

Máscaras de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa são as novas armas de entidades de arquitetos contra a contratação de uma empresa de Cingapura para planejar o crescimento de Brasília. Elas afirmam que qualquer revisão urbanística da capital federal deve ser feita por brasileiros.

O governo do Distrito Federal contratou a empresa Jurong Consultants para elaborar um plano de desenvolvimento para os próximos 50 anos. O lema do protesto homenageia Niemeyer, que projetou os edifícios da capital: "Niemeyer sim! Brasília by Cingapura não!"

Os arquitetos vestiram as máscaras durante a 50ª Premiação Anual do IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil), realizada no Rio. "É um crime de lesa-pátria", disse o presidente do IAB, Sérgio Magalhães.

Entidades de classe como o próprio IAB e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo criticam a participação de uma empresa estrangeira, de um país com poucos vínculos com o Brasil, para alterar o projeto da capital federal, elaborado por urbanistas brasileiros, liderados por Lúcio Costa.
"Estamos tentando abrir um diálogo com o governo do Distrito Federal, mas ainda não conseguimos. Não estava na nossa perspectiva ter que lutar pela cultura brasileira, pela soberania nacional", disse Magalhães.

O contrato com a Jurong Consultants, ligada ao Ministério da Indústria e Comércio de Cingapura, foi assinado, sem licitação, em outubro do ano passado, após visita do governador Agnelo Queiroz (PT) ao país asiático. O valor do projeto "Brasília 2060", como foi chamado, é de US$ 4,5 milhões. 

O governo afirma que a Jurong planejará a implantação de quatro polos econômicos em Brasília e nas cidades no entorno a fim de desafogar o Plano Piloto. A intenção, diz o GDF, é diversificar e espalhar as atividades econômicas por todo o Distrito Federal. 


Fonte: Folha de São Paulo.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

CONCESSÃO E ARQUITETURA DE AEROPORTOS

Concessão e Arquitetura de Aeroportos.
Por Fernando Serapião*, publicado na Folha de São Paulo.

Os problemas na concessão dos aeroportos brasileiros foram reconhecidos até mesmo por integrantes do governo. Mas pouco se tem falado na arquitetura dos terminais - e no consequente conforto.

Ainda no governo Lula, a Infraero começou a projetar novos terminais, sempre seguindo as burocráticas e lentas licitações.

Em Guarulhos, a licitação de projeto foi vencida em 2009 por um consórcio de várias empresas projetistas - estrutura, hidráulica, elétrica etc. Eles contavam com os arquitetos da Biselli+Katchborian, um dos poucos escritórios brasileiros habilitados a desenhar aeroportos.

A empresa, liderada por dois sócios na casa dos 50 anos de idade, é uma das mais prestigiadas do país. Já tinha ganho, em 2006, a disputa pelo desenho do terminal de Florianópolis (ainda não construído). Por isso, a vitória na licitação em Guarulhos foi recebida positivamente no meio arquitetônico, que percebeu a oportunidade de construir um terminal interessante.

Após dois anos de labor, o desenho foi apresentado publicamente, sem decepção: em forma de avião, o desenho do terminal 3 não só era original por sua cobertura tecnológica, semelhante aos encontrados em projetos high-tech, como reverberava o modernismo brasileiro.

Ciente da urgência, o grosso da área construída utilizava elementos pré-moldados, deixando a sofisticação para a porção visível. A presidente Dilma se entusiasmou, e o terminal foi detalhado e entregue para a licitação da obra.

Mas eis que a Anac, ao preparar o edital para a concessão, simplesmente desconsiderou o projeto coordenado pela Infraero.

O edital transferiu para o consórcio vencedor, Invepar, a decisão de construir ou não o terminal projetado pela Infraero.

Mais que isso, incentivou o sepultamento do desenho ao diminuir o padrão de conforto da nova construção (do nível máximo, AAA, para C, dentro da nomenclatura de padrão de conforto de aeroportos internacionais). Em outras palavras, a Anac permitiu que a operadora entregasse aos brasileiros um terminal menos confortável.

Sem clareza, a concessionária apresentou algumas imagens do seu projeto, suficientes para atestar a baixa qualidade arquitetônica do desenho importado: quase uma rodoviária que, se construída, perpetuará o desespero e a trapalhada governamental contra o caos aéreo.

É importante lembrar o desperdício: o governo está jogando no lixo um projeto de R$ 22 milhões, pronto para ser construído. A baixa gerencia alegará que o governo arrecadou R$ 16,21 bilhões com a licitação e que, nessa escala, o que foi para o lixo não é nada. Mas como justificar aos eleitores?

A arquitetura deveria ser um item estratégico para o país. Veja a Alemanha: eles aproveitaram a Copa do Mundo em seu país para especializar algumas firmas de projeto em estádios. Resultado? Nos mundiais seguintes, emplacaram 30% dos projetos na África e 41% no Brasil. Além dos honorários, o pacote conta com especificações de produtos alemães, das caríssimas coberturas de lona até cadeiras.

No que se refere aos aeroportos internacionais, a arquitetura como estratégia de Estado tem outro sentido: os terminais são as portas de entradas dos países. O filósofo francês Paul Virilio acredita que eles representam hoje os antigos portais das muralhas das cidades-estados. Se a civilização trocou grossos muros de pedras por edifícios cristalinos, continua o simbolismo da entrada.

Entre dezenas de exemplos, em Londres a precisão inglesa é vista em todos os detalhes, até nos parafusos; em Paris, a graça francesa esta presente nos arcos de concreto da cobertura, caprichosamente abauladas para baixo; e a luz filtrada por pequenas aberturas na Cidade do México lembram-nos da delicadeza e da aspereza mexicana.

No fundo, é fácil impressionar com um prédio mágico quem passou horas dentro de um avião. Além de ser mais factível do que resolver as mazelas do país, perpetuar edifícios simbólicos também eleva a estima nacional. Que o digam Juscelino Kubitschek e Oscar Niemeyer. 

FERNANDO SERAPIÃO, 41, é crítico de arquitetura e editor da revista "Monolito".


FONTE: Folha de São Paulo.


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

POR QUE OS ESPAÇOS E OBJETOS PÚBLICOS SÃO DEPREDADOS?



Texto retirado do Blog da Raquel Rolnik.
 
O que leva os moradores de nossas cidades a cometerem atos de vandalismo e depredação de patrimônio público? De escolas a orelhões, passando por pontos de ônibus, transporte público em geral, cabos de iluminação, lixeiras e até monumentos e esculturas, a destruição é sistemática e recorrente. Anos atrás, a revista Problemas Brasileiros, do Sesc SP, publicou uma matéria que traz alguns dados impressionantes sobre essa questão. Embora não sejam informações atualizadas, elas dão ideia da dimensão do problema.

De acordo com a matéria, 25% dos “orelhões” da empresa Telefônica são destruídos todos os meses no Estado de São Paulo. A manutenção mensal consome R$ 1,2 milhão na recuperação dos aparelhos. No Rio de Janeiro, a prefeitura gasta R$ 200 mil todos os anos para repor partes de monumentos ou repor placas. Para se ter uma ideia, de 2002 a 2009 os óculos da estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade, que fica em Copacabana, foram furtados sete vezes.

Em Curitiba, nos primeiros seis meses de 2009, 11.285 ônibus tiveram suas janelas riscadas, gerando um custo de reposição de R$ 2,6 milhões. No mesmo período, as estações tubo tiveram um prejuízo de cerca de R$ 115 mil por conta da depredação. Em todo o ano de 2008 o sistema gastou R$ 350 mil para repor vidros, catracas, elevadores, corrimões e portas. Na cidade de São Paulo todos os meses 20% dos pontos e abrigos de ônibus são danificados. O custo mensal da manutenção desses equipamentos, em 2009, foi de R$ 600 mil de acordo com a SPTrans.

O vandalismo também atinge o sistema de iluminação pública. De acordo com a reportagem, todos os meses 150 quilômetros de cabos usados na iluminação da capital paulista são furtados e 300 lâmpadas são substituídas diariamente. Nem os bueiros estão a salvo: 500 peças são roubadas mensalmente. Além disso, todos os meses desaparecem 400 placas de trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

Por que isso acontece? A explicação mais recorrente que encontrei explorando o tema atribui o vandalismo à falta de educação das pessoas, de cidadania etc. Embora seja verdadeira, essa explicação não é suficiente. Me parece que há uma relação estreita entre a qualidade urbanística de nossas cidades e a ocorrência de atos de vandalismo. O fato é que a qualidade geral das nossas cidades é péssima — elas são mal cuidadas, mal mantidas, em grande parte autoproduzidas e depois consolidadas de qualquer maneira, sem cuidado: essa situação provavelmente confere um não valor às cidades.

Outra dimensão que deve ser considerada é a qualidade e constância da manutenção dos espaços e equipamentos públicos. Um lugar como o parque Villa Lobos, em São Paulo, por exemplo, está sempre impecável. O metrô também está sempre limpo e bem mantido. Significa que não existe vandalismo e depredação nestes locais? Certamente, não. Mas a ação da administração desses espaços é rápida e permanente, o que provavelmente contribui para que haja menos depredação. Falta de educação e cidadania? Sim. Mas a cidade nos educa (ou deseduca também).


Fonte: Blog da Raquel Rolnik