quarta-feira, 10 de março de 2010

A INVASÃO NOSSA DE CADA DIA

Não é mais novidade para ninguém e nem tão difícil de perceber que Manaus tem seu crescimento marcado pela horizontalidade, pelo surgimento de assentamentos humanos ocorridos nos últimos quarenta anos de forma desordenada, por meio de invasões, sem planejamento e controle urbano. Maioria dos nossos bairros teve como origem esse tipo de ocupação, fazendo com que Manaus criasse uma quantidade imensa de problemas de infraestrutura, dificultando a ação do poder público e a disponibilidade da boa qualidade de vida.


A cada ano que passa nos deparamos a cada dia com novas investidas e tentativas de ocupações irregulares, deflorando e maltratando o solo urbano de maneira cruel, sem qualquer preocupação com a cidade e com os possíveis prejuízos a ordem urbanística.


A cada tentativa de nova ocupação irregular, conflitos humanos entram em ação. De um lado os ditos “esquecidos” pela sociedade, sem terra, sem moradia, sem emprego, sem renda, sem expectativas de melhorias de vida. Não se sabe até que ponto sua situação de vida é verdadeira, uma vez que estão envolvidos por espertalhões, vigaristas, empresários da invasão, aproveitadores da miséria alheia, que buscam “apoiar” tal investida com um único objetivo de tirar proveito próprio. Do mesmo lado encontram-se ainda alguns representantes do povo, que vêem na situação uma boa oportunidade de expandir o seu eleitorado, mas infelizmente não percebem que a sua cidade, no qual lhe deu a sua representatividade, fica ferida ao final de cada ação bem procedida.



Nesses conflitos humanos temos do outro lado o proprietário das terras, que ver o seu direito de propriedade tão defendida pelo Estatuto das Cidades, ser violado a cada tentativa de invasão. Neste lado há ainda os bons representantes da sociedade, que preocupados com a coletividade e com o bem da cidade, buscam solucionar de maneira adequada todo e qualquer conflito existente, sem o interesse exclusivo de promoção pessoal. Há os representantes públicos que não pensam de maneira isolada, conversam, analisam, tomam decisões sensatas, não prejudiciais à cidade.


Mas, não como uma regra do jogo, alguns protagonistas acabam mudando de lado, que muitas vezes acabam decepcionando possíveis admiradores de plantão.



A cada ocupação irregular os prejuízos são enormes para a cidade. Uma vez ocupados por moradias e estes habitados, serviços públicos serão exigidos, infraestrutura serão necessários, equipamentos comunitários de saúde e educação, sabendo-se o quanto o poder público possui dificuldades de recursos para novos investimentos, para urbanizar de maneira básica a localidade invadida.


Infelizmente ainda estamos longe de ver Manaus sem ameaça de novas invasões. Há muitas terras ociosas, sem usos definidos, subutilizadas, desprotegidas, sob especulação imobiliária, abandonadas e sem o devido cuidado de seu proprietário. Manaus possui muitos vazios urbanos e que precisam ser definidos os seus usos sociais de imediato, evitando que a cidade cresça cada vez mais de forma horizontal. O déficit habitacional é muito grande e políticas públicas são necessárias para que a população tenha acesso à casa própria, atendendo a um público verdadeiro, que realmente precise de um espaço de terra para viver com dignidade.


Um comentário:

  1. Creio que o drama das invasões deve ser observado pela autoridade sob um prisma bem amplo. Como o senhor falou no outro post (sobre as mazelas sociais de Manaus) existem demandas reprimidas de moradia em nossa cidade. No entanto também é fato que os aproveitadores da miséria alheia também existem. Uma equação difícil de resolver mas que tem de receber mais atenção das autoridades. Severidade para as novas invasões e planejamento atento aos recados que cada ação dessa nos envia.

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