Planejamento: essa é a ferramenta
ideal para o sucesso dos grandes eventos internacionais, como a Copa do Mundo e
as Olimpíadas, segundo o especialista em desenvolvimento urbano Pablo Vaggione,
que foi consultor dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. Vaggione
participou da abertura e do encerramento do Seminário Internacional Copa 2014:
Sustentabilidade e Legado, que aconteceu em Manaus, nos dias 28 e 29.
O especialista enfatizou que o
fortalecimento institucional foi fundamental para Barcelona, numa época em que
a Espanha estava mergulhada em profunda crise econômica e de emprego, além de
incertezas políticas. “Naquele momento, vimos que precisávamos de um plano
estratégico para sair do momento em que estávamos, pois os jogos seriam um
instrumento para construir um futuro melhor”, contou.
Uma das principais ferramentas que
o planejamento adotou e viabilizou o sucesso dos Jogos de Barcelona, segundo
Vaggione, foi o lançamento de planos de parceria com o setor privado, que até
então eram inconcebíveis na gestão pública. “Foi o grande salto, não só para a
capacidade de implementar os jogos, mas para reeducar o empresariado e a
relação do setor público com o privado”, explicou. O especialista também
alertou para o fato de que é fundamental definir prioridades: “Se quisermos
fazer tudo ao mesmo tempo, não vai dar certo”.
Dentre as consequências positivas
que os Jogos trouxeram à cidade está o aumento do número de turistas, que hoje
representa cinco vezes a população de Barcelona: são oito milhões de turistas e
três milhões de visitantes a negócios anualmente. Outra foi a recuperação
urbanística da cidade, com a criação de um espaço adequado para a instalação de
indústrias criativas, como informática, telecomunicações, biotecnologia, design
e pesquisa energética. “Tudo isso foi possibilitado com a adoção de uma
política fiscal e trabalhista modernizadas, bem como de políticas culturais e
intelectuais para atrair essas empresas”, explicou Vaggione.
A melhoria da qualidade de vida,
objetivo maior apontado como essencial por todos os palestrantes, também se deu
em Barcelona com a devolução do mar à cidade – que antes o segregava – e
investimento pesado em transporte “pensado como uma intervenção multimodal,
transversalmente”. Vaggione ressalvou que mobilidade e acessibilidade devem ser
avaliadas separadamente: “Talvez precisemos mover-nos menos para fazer mais,
perdendo menos tempo”.
O especialista também lembrou que
qualquer discussão sobre transporte deve estar totalmente atrelada à regulação
do uso do solo e a pensar a cidade integradamente: “Não adianta criar áreas
residenciais distantes, por mais bonitas que sejam, temos que criar áreas com
equipamentos sociais, de saúde e com capacidade de gerar empregos, porque se
não teremos guetos bonitos, mas guetos, apenas”.
O envolvimento da sociedade nas
decisões sobre os investimentos também é fundamental, para Vaggione. “É preciso
considerar que mil cabeças pensam melhor do que uma e, quanto mais somarmos à
causa, mais fácil será implementar o projeto, reduzindo riscos posteriores”,
argumentou. Em Barcelona, os cidadãos participaram de discussões que levaram ao
desenho de praças e parques para seus bairros.
O especialista concluiu que esta é
a chance de o Brasil provar que é possível o desenvolvimento sem a dilapidação
de recursos naturais, e o crescimento com políticas sociais. “O Brasil tem uma
grande oportunidade de mostrar ao mundo, num momento de máxima crise e
incerteza, que há outro modelo possível, enquanto lá fora nós nos questionamos
se é possível desenvolver sem dilapidar recursos naturais, se é possível
crescer bancando políticas sociais e se há outro modelo possível”.
Fonte: Ascom Ministério do Esporte
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