segunda-feira, 14 de junho de 2010

NÚMEROS SOBRE TRANSPORTES NO BRASIL

Alguns números sobre transportes para reflexão, por Marcus Quintella.


Resgatei um antigo artigo do grande João Ubaldo Ribeiro, no qual o autor diz que fomos acostumados a ouvir e repetir que os números não mentem e que seriam sempre confiáveis, em virtude de toda a exatidão que sugerem, mas as palavras, sim, poderiam mentir. Para ele, as mentiras são proferidas pelas pessoas que usam esses números e palavras, pois mentem com tamanha desfaçatez que trazem uma péssima reputação à pobre ciência estatística.


Como engenheiro, sempre acreditei nos números, desde que tenham base científica, comprovação matemática ou procedência confiável, mas também aprendi que cálculos, pesquisas e estatísticas servem para subsidiar as boas tomadas de decisão. Dessa forma, pesquisei alguns números importantes sobre transporte de carga e passageiros de nosso país, em fontes fidedignas, para que o leitor reflita e tire suas próprias conclusões.


A matriz brasileira de transporte de carga apresenta as seguintes participações modais: rodoviário, 61,1%; ferroviário, 20,7%; aquaviário, 13,6%; dutoviário, 4,2%; e aéreo, 0,4%.


Já que o modo rodoviário lidera com folga, vou citar alguns números interessantes: o Brasil possui quase 1,6 milhões de km de rodovias, federais, estaduais e municipais, mas apenas cerca de 212 mil km são pavimentadas, ou seja, pouco mais de 13% do total. Segundo a última pesquisa da Confederação Nacional do Transporte, 67% das rodovias pavimentadas brasileiras podem ser classificadas como deficientes, ruins ou péssimas. Para efeito comparativo, os EUA possuem 6,4 milhões de km de rodovias, sendo que quase 60% são pavimentadas, ou seja, 3,7 milhões de km. Em termos de densidade rodoviária, índice produzido pela divisão entre a extensão total das rodovias pavimentadas em km pela extensão territorial do país, em km2, o Brasil tem o índice de 0,0249, que é 15,6 vezes menor que os EUA, 72 vezes menor que a França, 13 vezes menor que a Espanha e 2,7 vezes menor que o Uruguai.


No caso do modo ferroviário, o Brasil tem 29,8 mil km de ferrovias, cuja densidade ferroviária de 0,0035 é considerada uma das piores do mundo, visto que é 6,7 vezes menor que a americana, 16,7 vezes menor que a francesa, 3,5 vezes menor que a argentina e 2,4 vezes menor que a chilena. Além disso, apenas 40% das ferrovias brasileiras podem ser consideradas produtivas. O país é recordista em número de passagens de nível, com mais de 12 mil registradas. A velocidade média operacional de nossas ferrovias é de 25 km/h, contra 80 km/h das ferrovias americanas.


Deixe-me abordar, agora, o transporte de passageiros nas cidades brasileiras, onde também predomina o modo rodoviário, que responde pela mobilidade urbana de 11 bilhões de pessoas, anualmente, em todo o país. Já o transporte metroferroviário transporta apenas 2,2 bilhões de passageiros por ano, em todo o país, uma vez que ainda há poucas linhas de metrô em nossas grandes cidades. As duas maiores metrópoles do país, São Paulo e Rio de Janeiro, possuem 62 km e 40 km de linhas de metrô, respectivamente, enquanto a Cidade do México possui 202 km, Santiago, 83 km, Paris, 212 km, Nova Iorque, 368 km, e Londres, 408 km.


Penso que os números aqui apresentados podem aguçar a mente do leitor para tirar suas próprias conclusões sobre os gravíssimos problemas de infraestrutura de transporte de carga e passageiros que atingem todos os brasileiros, bem como limitam o desenvolvimento econômico do país e postergam a diminuição da pobreza e o equilíbrio social do povo brasileiro. Acho que esses números não mentem.



Fonte: JB Online.

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