Hoje, domingo, 31 de outubro de 2010, o povo brasileiro retorna às urnas para escolher o seu representante maior, o Presidente da República do Brasil. José Serra, candidato do PSDB e representante da oposição, disputa a preferência do eleitorado com Dilma Rousseff, candidata do PT e representante do governo atual, liderado pelo atual presidente Lula.
Abaixo, segue dois artigos assinados pelos candidatos e publicados na Folha de São Paulo. Ainda no dia de hoje, no início da noite, já saberemos que vai governar a nação brasileira nos próximos 4 anos. Serra ou Dilma? Seja quem for o escolhido pelo povo, fica a esperança maior de um futuro brasileiro repleto de sucesso em todas as áreas.
Por um Brasil decente
JOSÉ SERRA
Com as minhas credenciais, postulo hoje o voto do povo brasileiro, para uma nova etapa de desenvolvimento e prosperidade, sem retrocessos.
O Brasil elege hoje o 36º presidente da República, na sexta eleição direta depois da redemocratização. Acreditamos na vitória, porque o país quer seguir unido. Não será sobre os ombros de uma população dividida que o país vencerá os desafios que o aguardam.
Além de minha biografia pessoal e política, e de propostas que abrangem temas vitais à coletividade - saúde, educação, segurança -, apresentei, como candidato, o respaldo de pessoas e partidos comprometidos com a democracia.
No último quarto de século, desde Tancredo Neves e Ulysses Guimarães, o povo brasileiro alcançou muitas conquistas. Não foram conquistas de um só homem ou de um só governo. Muito menos de um único partido. Todas elas são resultado desses 25 anos de democracia, luta e trabalho. Não é só na área social que o PSDB tem vasto currículo a exibir. Sua luta em favor das instituições democráticas está gravada na história. Surgiu no âmbito da Assembleia Nacional Constituinte, em 1988, embalada pelos ventos da redemocratização.
Reuniu, em torno de um ideário social-democrata, lideranças da maior respeitabilidade, que estiveram à frente da luta contra a ditadura militar: Franco Montoro, José Richa, Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, entre muitos outros. Tive o privilégio de integrar esse grupo. Ofereço ao Brasil minha biografia. Ofereço ao Brasil meu compromisso com as causas sociais.
Ofereço ao Brasil o meu compromisso com a causa democrática. Ofereço ao Brasil meu compromisso com o desenvolvimento sustentado e a economia forte. Na Constituinte, fiz a emenda que permitiu criar o FAT, financiar e fortalecer o BNDES e tirar do papel o seguro-desemprego. Fiz também a emenda que criou os Fundos Constitucionais de Desenvolvimento do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste.
No Ministério da Saúde, dediquei-me à consolidação do SUS, à criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e da Agência Nacional de Saúde; à implantação dos genéricos e à PEC 29, fundamental para se criar um sistema de saúde sólido no país.
Participei das discussões e iniciativas que levaram ao real e à sua afirmação: Lei de Responsabilidade Fiscal, regime de metas de inflação, saneamento do sistema financeiro e câmbio flutuante. E há a minha marca no programa que deu origem ao Bolsa Família.
Nada abala meu compromisso com o conjunto da sociedade, não apenas com a parte que se associou a meu projeto. Vamos governar com todos: juntar pessoas em vez de separá-las; convidá-las ao diálogo, em vez de segregá-las; explicar os nossos propósitos, em vez de hostilizá-las. Vamos valorizar o talento, a honestidade e o patriotismo, em vez de indagar a filiação partidária. Tampouco responderemos a injustiças velhas com novas injustiças. O nosso caminho é a paz.
Vislumbro um grande futuro para o Brasil. Mas cabe, sim, lamentar a ofensiva promovida pelo Palácio do Planalto, que pretendeu fazer da disputa eleitoral um confronto entre inimigos, não entre adversários. Desde os anos 20 do século passado não se via uso tão intenso da máquina estatal em favor de uma candidatura; não se experimentava tamanha mistura entre governo e partido; não se desprezava com tal ênfase o decoro que deve marcar a atuação de um governo na democracia, no processo eleitoral.
Quero ser presidente da República também para devolver o Executivo ao leito da lei, da ética e do decoro. Com minhas credenciais, hoje inscritas na história, postulo o voto do povo brasileiro, para uma nova etapa de desenvolvimento e prosperidade: sem ódios ou retrocessos. Com o Brasil inteiro no coração.
JOSÉ SERRA, 68, é candidato à Presidência pelo PSDB. Foi senador, ministro da Saúde (1998-2002), prefeito de São Paulo (2005-06) e governador de São Paulo (2007-10).
Um Brasil melhor, com justiça e democracia
DILMA ROUSSEFF
Ao longo desta campanha, apresentei o compromisso de dar continuidade aos avanços obtidos por nossa democracia, em especial no governo Lula
Para um país que viveu boa parte da sua história mergulhado no autoritarismo, poder decidir seu futuro nas urnas, com liberdade, será sempre um momento de festa e de orgulho. Hoje, escolhemos os nossos governantes debatendo, criticando, com liberdade de imprensa e de opinião, inseridos na realidade viva e plural de um verdadeiro Estado democrático de Direito.
É sempre oportuno lembrar que gerações de brasileiros sonharam em poder viver disputas eleitorais como a que hoje vivemos, podendo falar e escrever o que pensam, defender em voz livre o que acham justo, convivendo sem ódio, com tolerância e respeito aos que não compartilham da mesma opinião.
Muitos lutaram, sofreram e deram suas vidas para que isso fosse possível. A nossa democracia é fruto da luta, das lágrimas e da vida de homens e de mulheres que, no passado, não tiveram medo de abrir as portas para o futuro que hoje nos orgulhamos de viver.Neste domingo, a democracia nos dará, mais uma vez, a oportunidade de continuar a construir um país melhor e mais justo.
Nos últimos oito anos, a nossa democracia provou que é possível fazer com que o Brasil cresça de maneira sustentada, econômica e ambientalmente, distribuindo renda e promovendo justiça social. Provou que é possível construir um novo país, corrigindo o passado e planejando o futuro, em uma madura convivência entre as instituições republicanas e uma sociedade plural, ativa e vigilante. Provou que o brasileiro pode se orgulhar de viver em nosso país, falando com potências estrangeiras de igual para igual, sem arrogância, mas também sem subserviência.
O país da submissão ao Fundo Monetário deu lugar ao Brasil do Fundo Soberano, com reservas expressivas, e do pré-sal. Ao longo desta campanha, apresentei ao país o compromisso de dar continuidade aos extraordinários avanços obtidos pela nossa democracia, em especial durante o governo Lula. Sob o comando de um presidente nascido nas camadas mais pobres da população, vivemos uma transformação histórica profunda. Superamos a estagnação e começamos a combater a desigualdade, inaugurando uma nova era de prosperidade, justiça e otimismo no país.
É necessário que essa transformação continue. O país da recessão deu lugar a uma economia dinâmica, que gerou 15 milhões de empregos formais, multiplicou exportações e fez renascer setores estratégicos como a indústria naval, a construção civil e a agricultura familiar.
Por outro lado, ninguém pode negar que a ascensão à cidadania de 28 milhões de pessoas que saíram da pobreza, graças ao crescimento econômico e a programas sociais abrangentes e eficazes, deu uma dimensão substantiva, e não meramente formal, ao desenvolvimento da nossa democracia. É como também devemos ver os 36 milhões de brasileiros na nova classe média, ou os quase 2 milhões de jovens no ensino superior, graças ao ProUni e às universidades públicas que devemos seguir ampliando. Seguindo por esse caminho, alcançaremos novo patamar, em que a noção de liberdade ultrapassa o justo direito de reivindicar.
Por tudo isso, contados os votos, seja qual for a decisão soberana da maioria dos brasileiros, devemos voltar os olhos para o futuro e somar forças, na construção de um país ainda melhor. A democracia foi conquistada pelos brasileiros como um valor fundamental. E, pela força do voto, ela fará com que o Brasil continue seu processo de transformação na busca de uma vida digna, justa e feliz para todos.
DILMA ROUSSEFF, 62, ex-ministra de Minas e Energia e ex-chefe da Casa Civil (governo Lula), é candidata à Presidência da República pela Coligação para o Brasil Seguir Mudando.
FONTE: Folha de São Paulo
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