quinta-feira, 25 de novembro de 2010

TRANSPORTE PÚBLICO: A "TARIFA SOCIAL" DO MÉXICO


Na minha estada na Cidade do México, de 15 a 22 do mês corrente, tive a oportunidade de observar e conhecer um pouco sobre o transporte público na capital mexicana. Pude observar que naquela cidade há várias modalidades de transporte público, como o Metrobus (sistema tipo BRT), Trolebus, Ônibus convencionais grandes, médios, pequenos, alguns novos e outros antigos.


Mas na quarta-feira 17, tive a oportunidade de utilizar, como passageiro, o transporte público convencional na cidade (veículo tipo da foto acima). Andei um pequeno trecho, entorno de 5km, saindo do Museu Antropológico do México até o Hotel Embasy Suites, onde estava hospedado. Uma situação me chamou muito a atenção: a tarifa.


A tarifa nesta modalidade de transporte é fixada em $ 4,5 pesos mexicanos, algo em torno de R$ 0,65 (sessenta e cinco centavos de reais). Uma tarifa relativamente baixa considerando que o veículo era moderno, limpo, som ambiente e em excelentes condições de uso por parte da população. E mais um ponto que destaco: não há cobrador e o motorista não exerce essa função.


A forma de pagamento ocorre por meio de moedas (obrigatório) que são depositadas em uma caixa ao lado do motorista, sem que este pegue no dinheiro ou que exerça qualquer conferência sobre o valor a ser depositado na caixa. Cada passageiro que entra no ônibus deposita suas moedas na caixa e se acomoda para a sua viagem. Sem qualquer conferência, apenas na confiança depositada sobre o passageiro, entendendo que este estaria pagando o valor exato da tarifa.


Nós brasileiros (em número de quatro), sem conhecer essa forma de pagamento, queríamos pagar a nossas passagens com uma nota de papel de $ 50 pesos mexicanos, que foi de imediato recusado pelo motorista que sequer quis tocar na cédula. O motorista de forma alguma pode tocar em dinheiro. Como realizar o pagamento se apenas moedas podiam ser depositadas no pequeno orifício da caixa? Problema esse resolvido após ajuda de nossos companheiros de curso que disponibilizou moedas para prosseguirmos viagem.


Fiquei a pensar se realmente cada usuário do transporte público do México depositava o valor correto da tarifa na caixa ao lado do motorista. Fui mais longe ao meu pensamento: se o usuário colocasse uma moeda de $ 1 peso mexicano, iria viajar normalmente, pois não há qualquer conferência do valor depositado. Se colocasse uma moeda de $ 10 pesos mexicanos (valor acima da tarifa de $ 4,50), também iria viajar, porém não teria ninguém para lhe dar o troco. E como fica a contagem de passageiros diários, se não há controle, nem mesmo uma catraca para verificar quantidade de passageiros transportados?


Conversando com um colega de nacionalidade mexicana, que também participava do curso no qual eu estava fazendo, contei a minha experiência como usuário do transporte público e o mesmo me informou o seguinte: que o sistema tem como gestor o próprio governo, não sendo um serviço prestado pela iniciativa privatizada. E sendo um serviço obrigatório a ser oferecida à população, a tarifa a ser paga não é imposta ao usuário. Acredita-se que o cidadão tenha a consciência de sua obrigação de pagar o valor devido, mas se não o fizer, não será esta situação que o impedirá de usufruir de um serviço público. Essa foi a síntese da explicação do nobre colega.


Interessante essa forma de gestão. O governo assume de fato o seu papel e trás para si o problema, aplicando uma “Tarifa Social” de fato, e de direito.


E se essa forma de gestão e pensamento fosse aplicado aqui no Brasil? Cada um que formule a sua resposta.



Veículo de Transporte Público Mexicano, tipo "Van".

Veículo de Transporte Público Mexicano, dos mais antigos.

Veículo de Transporte Público Mexicano, sistema Trolebus.

Veículo de Transporte Público Mexicano, sistema Metrobús (BRT)

FOTOS: CLAUDEMIR ANDRADE


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