quarta-feira, 8 de setembro de 2010

ANDIRÁS VS MURAS: A REBELIÃO DO CONSELHO

Meus caros leitores do blog do Claudemir. Esta postagem é muito especial, pois trata-se de uma estória desenvolvida adotando como referência um Conto de Pedro Andrade, 11 anos, amazonense, natural de Manaus. O manuscrito original foi desenvolvido pelo autor em um exercício de colégio, atividade de sala de aula, em uma turma da 6° ano do ensino fundamental. Trata-se de uma aventura entre amigos da escola, onde o autor é o próprio protagonista.

Tomei a liberdade de pegar a estória original, transcrevê-la para uma linguagem com novos cenários e personagens (para não citar nomes da vida real), mas nada que fuja do pensamento original de Pedro Andrade.

A nova configuração foi lida e achada “boa” pelo autor. Espero que vocês gostem. Boa leitura.

Claudemir Andrade, pai de Pedro Andrade.



ANDIRÁS VS MURAS: A Rebelião do Conselho (*)


Todos acham que eu matei sem piedade o Jan, mas nós, guerreiros Muras, libertadores da pequena cidade de Manaós, sabemos que ele ainda não está morto. A facada que eu dei naquele infeliz só o fez desmaiar. Estamos atrás dele por toda a pequena Manaós e avisamos toda a população da cidade sob a ameaça eminente.


Eu, Pietro, e meus companheiros Fernand, Davidy, Wallace e Davi, queríamos falar com o grande Conselho Provinciano. Aproveitando a chegada na cidade, fomos até o castelo falar com os conselheiros. Avisei antecipadamente aos meus companheiros que aquele colegiado, todos os seus membros, são bons com o manuseio de espadas.


Diante do Conselho Provinciano falamos que Jan ainda está vivo e que eu pretendo matá-lo e que dessa vez não terei piedade. Na luta, que vença o melhor. Aproveitamos o momento diante do Conselho para perguntar também sobre os rebeldes Andirás que derrotamos e eles nos disseram que estão todos presos. Assim, da forma como entramos, fomos embora, de volta ao nosso Forte, no povoado de Eldorado, perto da pequena Manaós.


Fernand me perguntou, dentro dessa minha vida amarga, se eu amava alguém. Eu disse que naquele momento eu não sabia. E nem queria saber, pois na minha cabeça eu não amava ninguém.



No dia seguinte, assim que o dia amanheceu, eu queria falar com alguém. Um velho amigo chamado Andren Maquin. Sem falar com ninguém, fui até a casa dele, no povoado de Belvedere, perto da casa onde mora a minha mãe, G. Penalb, minha irmã Gaby e meu irmão Raphael. Eu queria falar com o Andren e saber se o que eu fiz com o Jan foi certo. Sua opinião era importante para mim. Conversamos por horas e ele disse que Jan merecia. Almocei com meu velho amigo, colocamos a conversa em dia e depois fui embora, já anoitecendo.


Quando retornei ao Forte todos estavam preocupados, inclusive as mulheres. Elas estavam loucas quando cheguei. Acalmei-as, disse onde fui. Fui ao meu aposento descansar, pensando no que o Andren havia dito sobre o Jan.



Sem conseguir dormir naquela noite de lua nova, resolvi sair muito antes de meia-noite. Fui caminhar sem um destino certo. Deixei um bilhete, para evitar maiores preocupações, mas não disse aonde iria, pois não sabia. Sem maiores problemas em abandonar o Forte dos guerreiros Muras, partir. Assim que amanheceu, após uma longa caminhada, cheguei numa vila à 20 km de Manaós. Vi uma pequena casa, quase caindo aos pedaços. Aproximei-me daquele casebre e observei uma cena terrível: madame Aline, uma professora bastante querida de Manaós, sendo atacada pelo rebelde andirá, Robert, um rapaz também professor até então respeitado pela população. Robert já ia matá-la quando dei um soco nele, mediante uma luta corpo-a-corpo que durou alguns minutos. Vencido o combate, fui embora com madame Aline de volta ao Forte dos Muras. O que faria um jovem professor atacar uma indefesa colega de profissão? Algo estava muito estranho.


Na cidade de Manaós estava a resposta. Uma grande traição. No castelo do Conselho Provinciano, os rebeldes Andirás, que se acreditava que estavam presos, preparavam seus homens, juntamente com os do Conselho, e Jan, que neste momento prometia me matar e que o ataque seria ainda na noite deste dia que amanhecia.


Eu e Aline chegamos ao Forte dos Muras antes das 7 horas da manhã. Feita as explicações aos companheiros guerreiros, fui até o aposento onde se encontrava madame Aline. Na conversa ela me contou o que andou fazendo nessas duas semanas e como ficou sabendo que o Conselho Provinciano planejava nos derrotar naquela noite, juntamente com os Andirás. Robert, cruel professor, ao saber da descoberta de Aline começa a persegui-la, seqüestra-a para um casebre distante. Iria matá-la, quando foi salva por mim numa caminhada sem destino. O destino talvez já estivesse traçado para mim.


De imediato mandei preparar as armas para a batalha que estava por vir. Fernand e Davidy preparavam nosso exército, formados por homens fortes e leais. Wallace pediu que as mulheres pegassem as suas coisas e que ficassem todas em alerta. O exército formado pelos Andirás e pelo Conselho estava chegando para o grande duelo.



O exército inimigo chegou ao Forte. Em nossa defesa disparamos flechas. Em uma noite escura e chuvosa eles avançavam sem piedade, conseguindo abrir o portão do Forte. O primeiro a avançar o ambiente interno foi o melhor guerreiro do Conselho: John, o conquistador, apelido este recebido em função das várias conquistas realizadas nos diversos povoados da grande Brasiléia. A luta estava fervendo. Mortes estavam acontecendo. Eu fui matando os homens andirás e do Conselho, até que cheguei ao temível John. Começamos uma brava luta e fomos parar no telhado escorregadio do Forte.


As mulheres, da mesma forma que os guerreiros muras, armaram-se e foram para a batalha. Carol e Luize foram as primeiras a se armarem para lutar. E venciam os seus duelos. Elas incentivaram as outras mulheres para a batalha. Enquanto lutava, Fernand pediu a todos os muras que prestassem bastante atenção, lutando para poder sobreviver.


Na batalha com John, já sem forças e cansado pela luta, desarmei-o em um momento de vacilo. Enfiei minha espada nele, sem piedade, matando-o. Após a morte de seu líder e vendo o grande John, o conquistador, estirado em poça de sangue, o exército inimigo começa a fugir de volta ao Castelo do Conselho.


Chegou a hora de cuidar dos feridos. Enquanto estávamos reunindo e discutindo sobre o duelo daquela noite, eu observei pela janela e vi o Jan. Ele pegou um cavalo e foi embora. A batalha ainda não havia acabado.



No Castelo do Conselho, o exército de andirás e conselheiros falavam que o líder John morrera. Um novo líder toma posse e de imediato manda todos se prepararem para a batalha que vai decidir tudo, e que dessa vez todos os homens do Conselho vão participar da luta.


No Forte dos guerreiros muras, eu me dirigi a todos os homens do exército. Informei que amanhã será o dia em que vão lutar pela liberdade e acabar com essa guerra de uma vez por todas. E que não lutaremos sozinhos. Vou pedir ajuda ao Andren, um dos meus melhores amigos. Peguei meu cavalo e acompanhado de Fernand, Davidy, Wallace, Davi e Henrique, fomos até a casa de Andren, no povoado de Belvedere. Assim que chegamos, como prevendo o futuro, Andren já estava preparado para a batalha juntamente com seus homens. Partimos de volta ao Forte dos guerreiros, em Eldorado. Quando chegamos começamos a coordenar o plano de ataque e de defesa. Quando tudo resolvido, fomos descansar.


Na calmaria da noite, todos estavam dormindo, menos eu, que nesse momento vigiava o Forte. Visita inesperada. Jan aparece e invade o recinto. Ensaiamos uma conversa de acerto de contas, uma conversa que não dura muito. Pegamos nossas espadas, lutamos de forma rápida ao ponto de ninguém perceber a invasão. Jan corre em fuga. Já recuperado do susto, troquei a vigilância com um companheiro, fui para a cama e dormi.


Acordamos bem cedo no dia da batalha. Durante a manhã realizamos um breve treinamento. Já ao meio-dia, nos arrumamos, pegamos os cavalos e partimos rumo ao duelo, na cidade de Manaós.


No Castelo do Conselho, Odimilson e Robert, este já recuperado do soco que lhe desprendi, preparavam o exército inimigo. O Conselho se arrumava rapidamente para a batalha, uma vez que os olheiros já haviam informado que estávamos chegando.


A batalha começou assim que nosso exército chega ao Castelo do Conselho. Atacamos. O exército deles revida. A luta começa definitivamente. Eu, acompanhado de Fernand, Davidy, Wallace, Henrique e Davi, invadimos a torre principal, onde encontramos e libertamos um prisioneiro, chamado Gabriel. Demos um escudo e uma espada para ele e passou de imediato a batalhar conosco contra nossos inimigos.


Fomos avançando castelo adentro. Chegamos à torre mestra do Conselho, onde estavam cinco conselheiros, acompanhados do novo líder: Jack, homem de corpo marcado de cicatrizes e de músculos bem definidos. Eram seis contra seis. Henrique passa a lutar com um conselheiro, assim como Davi, Wallace, Davidy e Fernand. Eu passei a lutar com o líder Jack. Todos lutavam e venciam seus duelos, menos eu, que ainda lutava com o novo líder do Conselho. Após um belo duelo, derrotei finalmente o líder. Pedir que meus companheiros continuassem a batalha contra o exército inimigo. Foi quando entra no recinto o Jan. A minha tão esperada luta haveria de começar.


Começamos a duelar com nossas espadas afiadíssimas, quando em um golpe mútuo, perdemos nossas armas. Então uma luta corpo-a-corpo se inicia. Socos, pontapés, chutes. Jan recupera sua espada. Corro e pego a minha. Desenhamos um duelo nunca visto na história da velha Manaós. Já bastante feridos, atingimos um golpe juntos, quase que simultaneamente. Corpos rolam ao chão. Eu, com a força que ainda me restava, partir para cima de Jan, dando um soco e em seguida um golpe com minha espada. Dessa vez ele morreria de verdade, como de fato ocorreu. Os andirás Odimilson e Robert, generais do exército inimigo, se rederam e foram presos. A batalha acabou. A liberdade chega à pequena cidade de Manaós e povoados vizinhos. A justiça estava feita.



Voltamos para o Forte dos Muras. Cuidamos dos feridos, comemoramos a bela vitória e o fim da guerra. Já exaustos, nos recolhemos com a alma lavada.


No dia seguinte a comemoração continuou. Tudo era festa, afinal foi uma guerra que durou 2 anos para acabar. No meio da multidão em polvorosa, dois homens simpatizantes dos andirás aproveitaram o momento de distração para disparar suas flechas em mim. Pânico e confusão. Fernand e Davidy que estavam mais próximos, com espadas em mãos, mataram os traidores.


Meu corpo ferido ficou estirado ao chão. Todos queriam ajudar, mas o tempo de Pietro parecia ter chegado ao fim. Minhas últimas palavras saíram com dificuldades.


- Andren, uma vez você me perguntou se você e seus amigos podiam entrar no exército. Seja bem vindo ao exército dos Muras, meu amigo!


- Fernand, uma vez você me perguntou se eu amava alguém. Eu já tenho a resposta. Sim, eu amo a minha família! Eu amo o que eu faço! E mais uma coisa: talvez eu ame uma mulher, mas não vou falar. É segredo.


- Guerreiros, foi uma grande honra liderar um exército tão bom e que luta pelo bem. Adeus meus grandes guerreiros Fernand, Wallace, Davi, Davidy e Henrique. A vocês também Aline e Gabriel.


- Mas lembrem-se, eu ainda vou vê-los um dia, mas não agora...não agora.


FIM


(*) Baseado no Conto de Pedro Andrade.



Um comentário:

  1. Fico muito feliz pela sua iniciativa de divulgar a imensa criatividade deste jovem, meu filho, aliás...nosso filho...agraciado com tamanha inteligência e imaginação. Essa é apenas uma aventura de várias, que fazem parte do seu repertório. E eu sou apenas uma mãe orgulhosa que registra aqui sua admiração e seu amor por este ser maravilhoso. Um abraço...Glícia.

    ResponderExcluir

Registre aqui o seu comentário. Obrigado