Artigo
de Marcus Quintella publicado no Sociedade Aberta, no JB Online, em 05-01-2012.
A
erradicação da pobreza em nosso país sempre será um processo longo e de difícil
execução, já que dependerá de desenvolvimento econômico e social sustentado e
contínuo, com uma distribuição de renda justa e evidente, além do empenho
político permanente de todos os níveis dos poderes públicos.
Desde
o primeiro governo FH, passando pelos dois mandatos de Lula, e, agora, com a
presidente Dilma, a prioridade tem sido a erradicação da pobreza, cujos focos
principais são a geração de empregos, os programas Bolsa Família e Fome Zero,
os projetos de segurança pública e as obras de infraestrutura, que incluem
habitação, saneamento e transporte público de metrôs e trens. Assim como os
governos anteriores, o atual governo parece estar definitivamente convencido de
que a erradicação da pobreza vai muito além do Fome Zero, pois dependerá de
ações que garantam à população acesso às clássicas necessidades humanas básicas
preconizadas pelo Banco Mundial, que compreendem educação, saúde, nutrição,
água, saneamento e habitação. Além disso, felizmente, o governo brasileiro
incluiu nessa relação, como uma das necessidades humanas básicas, o transporte
público e de cargas, uma vez que os deslocamentos casa-trabalho, casa-escola e
casa-lazer, o acesso a hospitais, a chegada dos alimentos à população, o
escoamento das produções agrícolas e industriais e a comercialização de
produtos e serviços dependem fundamentalmente de alguma modalidade de
transporte.
O
transporte, na realidade, é um fator de extrema relevância para a melhoria de
vida das pessoas e deveria sempre ser privilegiado nas ações de combate à
pobreza, pois é o único serviço que participa de todas as atividades da
sociedade e afeta as pessoas todos os dias. Além disso, mais de 80% dos
brasileiros residem em áreas urbanas, onde ocorrem cerca de 70 milhões de
viagens diariamente, em decorrência dos locais de moradia, de trabalho e de
lazer estarem cada vez mais separados espacialmente entre si.
A
efetiva erradicação da pobreza no Brasil deve começar pela implementação de
projetos de transportes que produzam reais benefícios sociais, econômicos,
ambientais e humanos para toda a população, de forma que suas finalidades
precípuas sejam atingidas: deslocar seres humanos de forma econômica, rápida,
segura, confortável e saudável. Os sistemas de transporte público,
metroferroviário, aquaviário e rodoviário, devem ser encarados como grandes
aliados no combate à pobreza, porque invariavelmente produzem os benefícios
acima.
As
cidades brasileiras de médio e grande portes carecem de metrôs, trens
suburbanos, veículos leves sobre trilhos, BRTs e sistemas marítimos, lacustres
e fluviais de passageiros, desde que planejados de forma racional e integrados
entre si e com política tarifária adequada ao poder aquisitivo da população. Ao
mesmo tempo, as dimensões continentais de nosso país comportam grandes ferrovias
de cargas e de passageiros de média e longa distâncias, que poderiam ajudar no
equilíbrio da demografia e no desenvolvimento econômico do país, bem como na
redução do chamado custo Brasil, um de nossos empecilhos a boa competição no
mercado internacional.
Em
última análise, os poderes públicos responsáveis pelas políticas de transporte
precisam continuar investindo para modificar significativamente a matriz de
transportes em nosso país, para que as modalidades de transportes urbanos,
regionais e de carga sejam mais equilibradas, possam ser sólidos pilares de
nosso crescimento econômico sustentado e contribuam efetivamente no combate à
pobreza.
O
transporte de carga competente e abrangente contribui para o desenvolvimento
social e econômico do país, pois leva os bens de consumo às pessoas, nos mais
remotos locais do território nacional, de forma rápida, segura e mais barata.
Povo abastecido é povo feliz.
Simultaneamente,
o transporte público eficiente e eficaz, ou seja, rápido, seguro, confortável,
econômico, abrangente e integrado, proporciona felicidade às populações
urbanas, por meio da redução dos tempos de deslocamentos, menos poluição
atmosférica e sonora, menor número de acidentes de trânsito, maior segurança,
tranquilidade e baixíssimo nível de stress. Povo feliz é povo rico.
FONTE:
JB Online.
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