sábado, 14 de janeiro de 2012

O TRANSPORTE TRAZ RIQUEZA E FELICIDADE


Artigo de Marcus Quintella publicado no Sociedade Aberta, no JB Online, em 05-01-2012.

A erradicação da pobreza em nosso país sempre será um processo longo e de difícil execução, já que dependerá de desenvolvimento econômico e social sustentado e contínuo, com uma distribuição de renda justa e evidente, além do empenho político permanente de todos os níveis dos poderes públicos.

Desde o primeiro governo FH, passando pelos dois mandatos de Lula, e, agora, com a presidente Dilma, a prioridade tem sido a erradicação da pobreza, cujos focos principais são a geração de empregos, os programas Bolsa Família e Fome Zero, os projetos de segurança pública e as obras de infraestrutura, que incluem habitação, saneamento e transporte público de metrôs e trens. Assim como os governos anteriores, o atual governo parece estar definitivamente convencido de que a erradicação da pobreza vai muito além do Fome Zero, pois dependerá de ações que garantam à população acesso às clássicas necessidades humanas básicas preconizadas pelo Banco Mundial, que compreendem educação, saúde, nutrição, água, saneamento e habitação. Além disso, felizmente, o governo brasileiro incluiu nessa relação, como uma das necessidades humanas básicas, o transporte público e de cargas, uma vez que os deslocamentos casa-trabalho, casa-escola e casa-lazer, o acesso a hospitais, a chegada dos alimentos à população, o escoamento das produções agrícolas e industriais e a comercialização de produtos e serviços dependem fundamentalmente de alguma modalidade de transporte.

O transporte, na realidade, é um fator de extrema relevância para a melhoria de vida das pessoas e deveria sempre ser privilegiado nas ações de combate à pobreza, pois é o único serviço que participa de todas as atividades da sociedade e afeta as pessoas todos os dias. Além disso, mais de 80% dos brasileiros residem em áreas urbanas, onde ocorrem cerca de 70 milhões de viagens diariamente, em decorrência dos locais de moradia, de trabalho e de lazer estarem cada vez mais separados espacialmente entre si.

A efetiva erradicação da pobreza no Brasil deve começar pela implementação de projetos de transportes que produzam reais benefícios sociais, econômicos, ambientais e humanos para toda a população, de forma que suas finalidades precípuas sejam atingidas: deslocar seres humanos de forma econômica, rápida, segura, confortável e saudável. Os sistemas de transporte público, metroferroviário, aquaviário e rodoviário, devem ser encarados como grandes aliados no combate à pobreza, porque invariavelmente produzem os benefícios acima.

As cidades brasileiras de médio e grande portes carecem de metrôs, trens suburbanos, veículos leves sobre trilhos, BRTs e sistemas marítimos, lacustres e fluviais de passageiros, desde que planejados de forma racional e integrados entre si e com política tarifária adequada ao poder aquisitivo da população. Ao mesmo tempo, as dimensões continentais de nosso país comportam grandes ferrovias de cargas e de passageiros de média e longa distâncias, que poderiam ajudar no equilíbrio da demografia e no desenvolvimento econômico do país, bem como na redução do chamado custo Brasil, um de nossos empecilhos a boa competição no mercado internacional.

Em última análise, os poderes públicos responsáveis pelas políticas de transporte precisam continuar investindo para modificar significativamente a matriz de transportes em nosso país, para que as modalidades de transportes urbanos, regionais e de carga sejam mais equilibradas, possam ser sólidos pilares de nosso crescimento econômico sustentado e contribuam efetivamente no combate à pobreza.

O transporte de carga competente e abrangente contribui para o desenvolvimento social e econômico do país, pois leva os bens de consumo às pessoas, nos mais remotos locais do território nacional, de forma rápida, segura e mais barata. Povo abastecido é povo feliz.

Simultaneamente, o transporte público eficiente e eficaz, ou seja, rápido, seguro, confortável, econômico, abrangente e integrado, proporciona felicidade às populações urbanas, por meio da redução dos tempos de deslocamentos, menos poluição atmosférica e sonora, menor número de acidentes de trânsito, maior segurança, tranquilidade e baixíssimo nível de stress. Povo feliz é povo rico.


FONTE: JB Online.



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