Publicado no site JB OnLine.
FERNANDO, O TAXISTA FORROZEIRO.
Por Marcus Quintella.
Prezado leitor, tenho que relatar
uma situação extraordinária que vivenciei na última sexta-feira, em São Paulo,
que tudo tem a ver com o tema deste blog, ou seja, trânsito e transporte
público. No final, você entenderá.
Desembarquei em Congonhas, por
volta das 8h30m, e peguei um taxi comum, como sempre faço em São Paulo. Entrei,
como sempre falando ao celular, e pedi ao motorista que me levasse ao Edifício
Villa Lobos, na Marginal Pinheiros. O taxi seguiu e eu terminei a minha
conversa ao celular. Normalmente, eu puxo papo com o motorista, mas, nesse
taxi, não deu tempo, pois o motorista disparou rápido e começou a falar sobre o
tempo e depois emendou um assunto sobre o trânsito naquele horário. De repente,
ele me perguntou se eu gostava de forró, mais precisamente de Luiz Gonzaga, o
Gonzagão. Respondi que sim e ele logo colocou um CD do Rei do Baião. Em
seguida, ele pegou no porta-luvas um triângulo, isso mesmo, aquele instrumento
de percussão, feito de metal, ferro ou aço, muito utilizado em forrós, e me
disse que tocava enquanto dirigia. Levei um susto e pensei que o cara era
louco, mas logo percebi que se tratava de uma figura humana especial, muito bem
humorada e com uma simplicidade e ingenuidade invejáveis. Então, nem precisei
lhe pedir para tocar, pois ele logo posicionou o instrumento junto ao volante,
aumentou o volume do CD do Gonzagão, e começou a tocar, acompanhando a música.
Diga-se de passagem, muito bem e de forma bem agradável. Ah, isso tudo
dirigindo, tranquilamente.
Nesse momento, perguntei o seu
nome. Ele me disse que o pessoal do seu ponto, na Rua Itapeva, no hotel
Paulista Wall Street, o conhecia como o “taxista forrozeiro”, ou por Fernando,
o forrozeiro. Trata-se de um senhor, com idade entre 65 e 70 anos, cabelos
brancos, muito simpático e extremamente bem humorado. O seu carro é um
confortável Palio Weekend, novinho.
Achei aquilo sensacional e
começamos a conversar sobre vários assuntos e ele começou a me falar de suas
viagens como taxista e também da viagem que fará para a sua terra natal, a
Paraíba, com o filho e o neto mais velho. Além disso, mostrou-me um recorte de
jornal com um artigo do Ruy Castro que descrevia uma corrida com ele, da mesma
forma que estou fazendo aqui.
Como o trânsito estava engarrafado,
como sempre em São Paulo, a corrida durou cerca de 40 minutos, de Congonhas ao
meu destino final, no Edifício Villa Lobos, e o papo foi muito agradável.
Peguei o seu cartão e espero novamente ter a oportunidade de pegar esse taxi
forrozeiro, para ouvir um bom forró, devidamente acompanhado pelo triângulo do
Fernando.
Prezado leitor, acho que não
preciso justificar a razão pela qual descrevi essa minha experiência dentro de
um taxi em São Paulo, pois deve ter ficado claro que a violência, o nervosismo
e a intolerância no pesado trânsito das grandes metrópoles pode ser evitada e
não deve fazer parte do cotidiano dos motoristas de ônibus, vans, caminhões,
táxis e carros de passeio. Basta que as pessoas usem a imaginação e a
inteligência, acima de tudo, pois de nada adiantará qualquer atitude raivosa ou
violenta, visto que o trânsito continuará engarrafado e o prejuízo será apenas
daqueles que não conseguem se controlar. Esse prejuízo é financeiro,
psicológico e físico.
Ah, esqueci de comentar que o Fernando
é palmeirense e deve estar inconsolável com o Corinthians campeão. Parabéns,
Fernando forrozeiro, pela lição de vida: VOCÊ É O CARA!
FONTE: JB Online.
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